quarta-feira, 24 de junho de 2009

Cerimônia reabre Casa França-Brasil

Créditos à SEC-RJ

A Casa França-Brasil, da Secretaria de Estado de Cultura, reabre no dia 24 de junho, às 10h, depois de passar por obras estruturais e cuidadoso processo de restauração, com uma cerimônia que reunirá o Governador Sérgio Cabral, o Vice-Governador e Secretário de Obras, Luiz Fernando Pezão, a Secretária de Estado de Cultura, Adriana Rattes, e o presidente da Emop, Ícaro Moreno.

A cerimônia – com cenografia de Sérgio Marimba – incluirá a exibição do documentário “O Mar Vinha Até Aqui”, de Raquel Couto, que conta a história do imóvel e das obras por que passou, e uma apresentação da PianOrquestra.

As obras na Casa França-Brasil, orçadas em R$ 4.171 milhões, foram feitas pela Concrejato e incluíram a recuperação das fachadas e de toda a área interna do imóvel, a ampliação da área disponível para exposições e outras atividades, a criação de um espaço gastronômico e de uma área de convivência, e a reforma de toda a rede elétrica.

Paralelamente às mudanças físicas por que passou o imóvel, mudou o perfil da Casa França-Brasil. A programação agora se concentrará na arte urbana.

- O processo de recuperação deste belíssimo e valioso patrimônio, ao preservar o seu passado, preparou-o para o futuro, diz a Secretária de Estado de Cultura, Adriana Rattes.

De acordo com a diretora da Casa França-Brasil, Emmanuelle Boudier, o objetivo é estimular a troca de experiências entre diferentes linguagens artísticas, das mais tradicionais às contemporâneas, e entre artistas de origens sociais e geográficas distintas.

- A nossa ideia é que um dos espaços mais antigos do Rio possa abrigar a arte urbana de vanguarda e projetos contemporâneos sem esquecer a história e a influência do passado.

Dentro dessa proposta, as salas serão multifuncionais e poderão receber mostras de cinema, música, moda, dança, fotografia, artes plásticas e peças de teatro, além de oficinas regulares. Assim, o visitante poderá apreciar as atividades programadas, interagir com os artistas expositores ou apenas passar algumas horas agradáveis no espaço gastronômico e no lounge que a nova Casa França-Brasil terá.

Outro ponto importante: a Casa volta a ser co-produtora dos eventos, o que lhe confere maior liberdade de ação na escolha e no desenvolvimento de projetos.

Um prédio rico em histórias

O prédio que abriga a Casa França-Brasil é um dos maiores símbolos das transformações provocadas pela chegada da Família Real, e percorreu um longo caminho até tornar-se o centro cultural que conhecemos hoje.

A transferência da Corte Imperial Portuguesa para o Rio de Janeiro, 200 anos atrás, significou uma grande transformação econômica, política e cultural no País. Por ordem de D. João VI, foi promovido um intenso processo de modernização na cidade, que incluiu – entre outras ações – a construção do prédio que atualmente funciona como sede da Casa França-Brasil.

Projetado por Grandjean de Montigny, arquiteto oficial da Missão Francesa, o prédio foi inaugurado em 1820 como a Primeira Praça de Comércio do Rio de Janeiro, um local que rapidamente adquiriu importância e passou a ser frequentado por comerciantes em ascensão.

A Praça de Comércio foi fechada em 1821, após o episódio que ficaria conhecido como “Açougue dos Bragança”, quando tropas do futuro imperador Dom Pedro invadiram o lugar para dispersar uma multidão que ali protestava. Em 1824, o prédio foi reaberto – dessa vez, como a Alfândega.

Em 1938, o prédio foi tombado pelo Departamento do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, atual IPHAN, mas com a transferência da Alfândega para outro lugar a edificação tornou-se um depósito, deteriorando-se rapidamente. Mais tarde, depois de submetido a obras urgentes, novamente o imóvel mudou de utilização, e, de 1956 a 1978, acolheu o II Tribunal de Júri. Após a transferência do Tribunal, a construção foi desativada.

Somente na década de 80 a vocação atual do prédio começaria a ser desenhada, por iniciativa do antropólogo Darcy Ribeiro, então Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro. O projeto da Casa França-Brasil teve início em 1984, fruto de um convênio firmado entre o Ministério da Cultura, o Governo do Estado do Rio de Janeiro e o Ministério da Cultura da França.

No ano seguinte, por ocasião da visita do presidente da França, François Miterrand, ao Rio de Janeiro, a Secretaria de Cultura do Estado, a Secretaria de Patrimônio Histórico e Artístico, a Fundação Nacional Pró-memória, o Ministério da Cultura da França, a Fundação Roberto Marinho e a Rhodia assinaram o convênio para a execução das obras de reforma do antigo prédio. As etapas para a criação do centro cultural e o trabalho de restauração atravessaram a década de 80. Até que, em 29 de março de 1990, foi inaugurada a Casa França-Brasil.

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