terça-feira, 31 de março de 2009

Casa França-Brasil reabre com novo perfil

Créditos à SEC-RJ

Casa França-BRasil

Depois de passar por obras estruturais e cuidadoso processo de restauração, a Casa França-Brasil, da Secretaria de Estado de Cultura, reabre suas portas no dia 23 de abril com cara e alma novas, dando início às comemorações do Ano da França no Brasil. Para marcar a nova fase, a Casa retoma as atividades com a exposição Mulheres/28 mm, assinada pelo jovem artista francês JR.

As obras na Casa França-Brasil, orçadas em R$ 2,8 milhões, incluíram a recuperação das fachadas e de toda a área interna do imóvel, a ampliação da área disponível para exposições e outras atividades, a criação de um espaço gastronômico e de uma área de convivência, e a reforma de toda a rede elétrica.

Paralelamente às mudanças físicas por que passou o imóvel, mudou o perfil da Casa França-Brasil. A programação agora se concentrará na arte urbana.

- O processo de recuperação deste belíssimo e valioso patrimônio, ao preservar o seu passado, preparou-o para o futuro, diz a Secretária de Estado de Cultura, Adriana Rattes.

De acordo com a diretora da Casa França-Brasil, Emmanuelle Boudier, o objetivo é estimular a troca de experiências entre diferentes linguagens artísticas, das mais tradicionais às contemporâneas, e entre artistas de origens sociais e geográficas distintas.

- A nossa ideia é que um dos espaços mais antigos do Rio possa abrigar a arte urbana de vanguarda e projetos contemporâneos sem esquecer a história e a influência do passado. É com essas diferenças que desejamos “brincar”, pois acreditamos que a cultura abraça a influência do passado, a urgência do presente e nossas projeções para o futuro, explica.

Segundo Emmanuelle, com a reforma ela espera atrair um público mais jovem e, ao mesmo tempo, apresentar aos tradicionais frequentadores manifestações artísticas contemporâneas. Dentro dessa proposta, as salas serão multifuncionais e poderão receber mostras de cinema, música, moda, dança, fotografia, artes plásticas e peças de teatro, além de oficinas regulares. Assim, o visitante poderá apreciar as atividades programadas, interagir com os artistas expositores ou apenas passar algumas horas agradáveis no espaço gastronômico e no lounge que a nova Casa França-Brasil terá.

Outro ponto importante: a Casa volta a ser co-produtora dos eventos, o que lhe confere maior liberdade de ação na escolha e no desenvolvimento de projetos.
Um prédio rico em histórias

O prédio que abriga a Casa França-Brasil é um dos maiores símbolos das transformações provocadas pela chegada da Família Real e percorreu um longo caminho até tornar-se o centro cultural que conhecemos hoje.

A transferência da Corte Imperial Portuguesa para o Rio de Janeiro, 200 anos atrás, significou uma grande transformação econômica, política e cultural no País. Por ordem de D. João VI, foi promovido um intenso processo de modernização na cidade, que incluiu – entre outras ações – a construção do prédio que atualmente funciona como sede da Casa França-Brasil.

Projetado por Grandjean de Montigny, arquiteto oficial da Missão Francesa, o prédio foi inaugurado em 1820 como a Primeira Praça de Comércio do Rio de Janeiro, um local que rapidamente adquiriu importância e passou a ser frequentado por comerciantes em ascensão.

A Praça de Comércio foi fechada em 1821, após o episódio que ficaria conhecido como “Açougue dos Bragança”, quando tropas do futuro imperador Dom Pedro invadiram o lugar para dispersar uma multidão que ali protestava. Em 1824, o prédio foi reaberto – agora, como a Alfândega.

Em 1938, o prédio foi tombado pelo Departamento do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, atual IPHAN, mas com a transferência da Alfândega para outro lugar a edificação tornou-se um depósito, deteriorando-se rapidamente. Mais tarde, depois de submetido a obras urgentes, novamente o imóvel mudou de utilização, e, de 1956 a 1978, acolheu o II Tribunal de Júri. Após a transferência do Tribunal, a construção foi desativada.

Somente na década de 80 a vocação atual do prédio começou a ser desenhada, por iniciativa do antropólogo Darcy Ribeiro, então Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro. O projeto da Casa França-Brasil teve início em 1984, fruto de um convênio firmado entre o Ministério da Cultura, o Governo do Estado do Rio de Janeiro e o Ministério da Cultura da França.

No ano seguinte, por ocasião da visita do presidente da França, François Miterrand, ao Rio de Janeiro, a Secretaria de Cultura do Estado, a Secretaria de Patrimônio Histórico e Artístico, a Fundação Nacional Pró-memória, o Ministério da Cultura da França, a Fundação Roberto Marinho e a Rhodia assinaram o convênio para a execução das obras de reforma do antigo prédio. As etapas para a criação do centro cultural e o trabalho de restauração atravessaram a década de 80. Até que em 29 de março de 1990 foi inaugurada a Casa França-Brasil.

Exposição

A exposição JR – Mulheres/28mm faz parte da série Women, iniciada na África em 2008, em regiões devastadas por conflitos e guerras. Em agosto do mesmo ano, JR esteve no Rio de Janeiro para filmar e fotografar as mulheres da favela do Morro da Providência. Depois, colou suas imagens nas fachadas das casas do morro, brincando com vãos, portas e janelas. A iniciativa culminou em uma imensa instalação a céu aberto, formada por dezenas de fotos gigantes.

É o resultado desta experiência que será mostrado na exposição que reabrirá a Casa França-Brasil, através de diversas linguagens: fotografia, transmissão de imagens ao vivo, e elementos cenográficos.

As fotografias serão ampliadas e ocuparão as dependências da Casa França-Brasil, e serão vistas também na fachada de outros prédios e espaços públicos do Centro, como a Sala Cecília Meireles e os Arcos da Lapa.

Nenhum comentário: