quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Museu Carmen Miranda guarda a história da Pequena Notável

Créditos à Elianah Jorge

Museu Carmem Miranda

Uma das primeiras artistas a representar o Brasil no exterior, Carmen Miranda faria 100 anos no dia 9 de fevereiro. A morte, que chegou de forma prematura, aos 49 anos, arregimentou milhares de fãs que clamavam por um lugar para eternizar a memória daquela que entrou para a história do showbusiness. Criado por decreto, em 1956, pelo governador do então Distrito Federal, o Museu Carmen Miranda passou a funcionar, a partir de 1976, em um pequeno edifício circular localizado na altura do número 560 da Avenida Rui Barbosa, no Parque do Flamengo.

Através das 3.500 peças do acervo, é possível fazer uma viagem no tempo e conhecer o way of life (modo de vida) de Carmen Miranda, que chegou a ser rotulada de americanizada devido ao enorme sucesso que fazia nos Estados Unidos, mesmo após sair consagrada do Brasil.

Trajes de cena e sociais, os sapatos de plataforma, os iconográficos turbantes e os famosos balangandãs estão expostos no museu, dedicado a mostrar a trajetória da Pequena Notável. Também é possível encontrar expressiva documentação, desde roteiros e cartazes de alguns dos 20 filmes de que participou, além do traje que usou em sua estréia na Broadway e a foto do dia que deixou sua marca na Calçada da Fama, em Hollywood, Estados Unidos.

A trajetória da Pequena Notável


Nascida Maria do Carmo Miranda da Cunha, ganhou o apelido de Carmen devido ao interesse do pai por ópera e pelo fato de, desde a infância, estar sempre cantando. Ao contrário do que muitos pensam, a cantora não era brasileira e sim portuguesa, natural de Marco de Canavezes, distrito do Porto. Quando Carmen estava com dez meses, a família mudou-se para o Rio de Janeiro.

Na adolescência, começou a trabalhar em lojas de chapéus. Para atrair clientes para o estabelecimento, ela, sempre acompanhada pela irmã Aurora Miranda, entoava diversas canções.

Em 1928, o acaso lhe ajudou. O jornalista Aníbal Duarte, ao passar pelo trabalho de Carmen, a ouviu cantar e, impressionado com o talento da jovem, a apresentou ao violonista Josué de Barros, figura ímpar na carreira da portuguesinha que conquistaria o mundo.

No ano seguinte, Carmen começou a participar de festivais e de programas de rádio. A consagração como “Rainha do Disco” e como “A Maior Cantora Popular Brasileira” aconteceu graças ao enorme sucesso alcançado com a música Pra Você Gostar de Mim, mais conhecida como Taí, de Joubert de Carvalho.

A partir de então, Carmen Miranda foi alçada ao estrelato e não parou mais. Suas apresentações lotavam os cassinos Atlântico, Copacabana e da Urca. Na época, músicos e cantores recebiam cachê por apresentação, mas o talento a levou a assinar contrato com a Rádio Mayrink Veiga. Quando, em 1939, foi apresentada ao empresário americano Lee Schubert, começou sua carreira internacional.

Músicas não faltavam para a estrela. A famosa indumentária teve origem quando Dorival Caymmi compôs a música O que é que a baiana tem?, em 1939. Segundo a sobrinha da cantora, Maria Paula Richard, Carmen não sabia como era uma baiana e foi pesquisar. A partir do que viu, passou a criar as roupas que se tornariam sua marca registrada. O salto tipo Anabela, inexistente na época, foi uma criação da Pequena Notável, que, com 1,54 metro de altura, precisava de um sapato alto e ao mesmo tempo leve para fazer os shows.

- Ela era muito criativa. Ainda quando trabalhava na loja de chapéus, gostava de dar sugestões aos clientes. Quando pediu ao sapateiro que fizesse o sapato com o salto de cortiça, ele se espantou porque não havia nada parecido na época - conta Maria Paula Richard, filha de Aurora Miranda e sobrinha de Carmen.

Em Nova Iorque, os afamados palcos da Broadway serviram para consagrá-la internacionalmente. Em Boston, estreou Streets of Paris, dando início à trajetória de intensos compromissos nos Estados Unidos, o que a deixou longe do Brasil por alguns anos.

Em 1940, durante um banquete na Casa Branca, Carmen Miranda se apresentou para a elite norte-americana. Dentre os presentes estava o então presidente Franklin Roosevelt.

Na volta ao Brasil, foi ovacionada pelo público, mas após um show no Cassino da Urca os críticos começaram a dizer que a cantora voltara americanizada. Porém, meses depois, após fazer outra apresentação no mesmo palco, foi ovacionada de pé pelo público.

Carmen também teve papel importante na Política da Boa Vizinhança, criada pelo governo norte-americano para estabelecer vínculos positivos com os países da América Latina no período que antecedeu a Segunda Guerra Mundial. Nos Estados Unidos, a cantora ganhou o carinhoso apelido de Brazilian Bombshell e foi a única sul-americana a deixar sua marca na Calçada da Fama, privilégio dado só às grandes estrelas de Hollywood.

O intenso ritmo de trabalho – foram mais de 20 filmes e inúmeras canções gravadas – levou a cantora a ficar dependente de medicamentos. Após uma ausência de 14 anos, Carmen voltou ao Brasil para se tratar. Durante quatro meses, ficou hospedada no Hotel Copacabana Palace, aos cuidados médicos. Em seguida, voltou para os Estados Unidos e ao trabalho, mesmo com a saúde frágil e desobedecendo às recomendações médicas.

Na noite de cinco de agosto de 1955, um colapso cardíaco fulminante vitimou a estrela. O corpo, trazido para o Brasil, foi sepultado no Cemitério São João Batista.

O Museu Carmen Miranda funciona de terça a sexta-feira, das 10h às 17h, e aos sábados, domingos e feriados, das 13h às 17h. A entrada é franca. Mais informações pelo telefone (21) 2334-4293.

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