segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Cine Icaraí é tombado como patrimônio cultural do estado

Créditos Á Julia Viegas

Cinema Icaraí

Em mais uma iniciativa para preservar a cultura fluminense, o Governo do Estado tombou o último cinema de rua de Niterói, o Cine Icaraí. O prédio do cinema, em estilo art déco, foi construído na década de 1940 e representa uma época marcante no desenvolvimento urbano do bairro.

- O Cine Icaraí, com seu estilo art déco, típico dos anos 1940, é um símbolo dos grandes cinemas de rua do estado do Rio de Janeiro e tornou-se um marco na memória afetiva de várias gerações do município de Niterói, que freqüentaram o cinema durante todas essas décadas. É um patrimônio cultural do estado e, por isso, deve ter ser tombado e preservado – afirmou a secretária de Cultura Adriana Rattes.

O diretor do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), Marco Monteiro, concorda com a secretária e afirma que mais uma vez o Inepac atendeu a um apelo popular. Em especial, ao do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RJ), que entrou com pedido de tombamento junto à instituição.

- Atendemos a um apelo da população e do Instituto de Arquitetos do Brasil. O Cine Icaraí tem valor histórico-cultural, muitas gerações ‘ curtiram’ ali filmes que fazem parte de suas histórias, de suas vidas. Mais uma vez o Inepac se sensibilizou com o apelo popular. Quem define o que é patrimônio cultural é a sociedade e cabe ao estado se curvar às reivindicações populares, colocando o interesse coletivo acima dos interesses individuais – disse o diretor.

O presidente do Núcleo do Leste Metropolitano do IAB-RJ, Augusto César Alves, explica que o prédio já era tombado pela legislação municipal. Mas, em 2006, empresários interessados no local tentaram reverter a situação, o que ficou conhecido como a ‘ lei do destombamento’. A intenção desses empresários era preservar somente a fachada do prédio e construir um edifício de 40 metros. Como o prédio atual possui cerca de 9 metros, o ‘ destombamento’ representaria uma grande destruição do patrimônio cultural da cidade. Para impedir que isso acontecesse, o IAB-RJ acionou o estado, encaminhando um dossiê com todo o histórico do prédio e do Cine Icaraí, destacando sua importância histórico- cultural e o valor simbólico do cinema para a cidade de Niterói.

- Houve manifestações por parte da população, como ‘ abraços ao prédio’ e comunidades na internet solicitando o tombamento. Os niteroienses pediram e o governo realizou – disse.

César explica que a lei não protege somente o prédio, mas também a praça Getúlio Vargas, que fica no seu entorno. Os termos do tombamento proposto reconheciam que não apenas o imóvel era um exemplar típico das salas de cinema daquela época, justificando sua preservação, mas também que a atividade cultural que sobrevivia no local era a ‘alma’ dessa edificação, numa interação plena dos valores material e imaterial.

- É importante preservar a interação do imóvel com a praça, porque ele representa a interação entre o público e o privado. Hoje em dia, os cinemas são todos nos shopping e o entorno são as praças de alimentação – disse César.

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