quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Estado implode fábrica desativada no Complexo do Alemão

Créditos à Júlia Viegas

Complexo do Alemão

A Avenida Itaóca e a Estrada do Itararé, no entorno do Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio, que já abrigaram três grandes fábricas, entre elas uma da Coca-Cola, não abrigam atualmente nenhum grande investimento comercial. Mas, segundo o governador Sérgio Cabral, esse quadro será revertido em breve. Nesta quarta-feira (17/12) foi dado um grande passo nesta direção. Acompanhado pelo vice-governador e secretário de Obras, Luiz Fernando Pezão, Cabral comandou a implosão da antiga fábrica de lingerie Poesi.

Esta, que é considerada uma das etapas mais importantes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no Complexo do Alemão, irá possibilitar a construção de 472 unidades habitacionais, uma escola de Ensino Médio e um Centro de Referência para a Juventude no local da antiga Poesi. As obras começarão em março de 2009 e deverão ser concluídas em um ano.

- Essas obras vão ajudar a recuperar a região. Nosso objetivo é a reintegração do local, a atividade econômica, o desenvolvimento. Ao mesmo tempo em que se deixou crescer a comunidade sem nenhum controle, pela irresponsabilidade dos governantes que aqui passaram e deixaram essas comunidades crescerem, o que havia de atividade econômica no entorno foi sendo esvaziado – disse Sérgio Cabral.

O governador afirmou que a área, que antes era degradada, vai se transformar em espaço de cidadania não só para os que moram ali, mas também para toda a cidade do Rio de Janeiro:

- É o progresso, a civilização, a urbanização, a acessibilidade, a integração de uma região que cresceu de maneira desorganizada pela irresponsabilidade dos governantes que por aqui passaram e deixaram essas comunidades crescerem sem nenhuma oferta de serviços públicos – disse o governador.

Cabral lembrou ainda que há duas formas de violência: uma, é a do controle do crime organizado, seja do tráfico de drogas ou da milícia. E a outra é a ausência do Estado, de saúde pública, de saneamento básico, de transporte e de educação.

- Quando o Estado deixa de oferecer serviços públicos, está cometendo uma forma muito grave de violência – disse Cabral.

Para o governador hoje é um dia marcante para toda a comunidade, pois a implosão significa a esperança redobrada de que as ‘coisas estão andando’.

- Essa implosão é mais uma etapa para o fim da ‘cidade partida’ – disse, fazendo referência ao livro de Zuenir Ventura.

O processo de implosão

Foram investidos R$ 15 milhões em todo o processo de implosão. Cerca de cinco mil moradores tiveram que ser deslocados para o terreno da antiga fábrica Heliogás ou para casas de parentes, onde devem aguardar o fim do processo. Na antiga Heliogás, eles participaram de diversas atividades de cidadania. Os moradores retornarão a suas casas ainda hoje.

Duzentos PMs, 115 voluntários da própria comunidade e cerca de 20 homens da Defesa Civil, entre eles bombeiros, foram mobilizados para a operação.

Segundo o presidente da Emop (Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro), Ícaro Moreno Junior, foram utilizados 400 quilos de dinamite para implodir cinco dos nove prédios da antiga fábrica. Para a implosão dos outros quatro prédios será usado um método diferente daquele utilizado nesta quarta, já as unidades possuem apenas vigas e nenhuma laje.

Foi gasto um mês na preparação da implosão. A área foi isolada e os explosivos colocados há dois dias. Já os moradores foram deslocados na manhã desta quarta-feira.

- Agora que o prédio foi implodido, colocaremos equipamentos para quebrar melhor os restos que ali ficaram. Depois, vamos começar a remoção do entulho, que levaremos para um aterro na Baixada. São cerca de 80 mil metros cúbicos de entulho, que serão descarregados por aproximadamente 50 caminhões por dia. Esse processo de retirada dos entulhos, que podemos chamar de operação de limpeza, vai durar três meses. Aí vamos começar a construção da escola, das unidades habitacionais e do Centro de Referência – afirmou Moreno.

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