terça-feira, 16 de junho de 2009

Hemorio inspira coleção que será apresentada na São Paulo Fashion Week

Créditos á Hemorio

O HEMORIO, órgão da Secretaria de Estado de Saúde e Defesa Civil – Sesdec, vai para as passarelas de moda. O hemocentro, primeiro banco de sangue público do Brasil e que este ano completa 65 anos de atividades, foi a inspiração para o coletivo OEstudio, casa de criação especializada em design e moda, elaborar um desfile para a próxima edição do São Paulo Fashion Week – SPFW, que tem início essa semana. A coleção, chamada “Eu te Hemo” será mostrada no dia 20, às 19 horas.

A idéia do projeto teve início em fevereiro deste ano, quando a Assessoria de Comunicação do HEMORIO entrou em contato com a casa de criação buscando um apoio à causa da doação de sangue voluntária. A proposta inicial era da criação de estampas para serem reproduzidas em novos modelos de camisetas para a grife HEMORIO, comercializada pela Associação de Voluntários, que reverte toda arrecadação em vários projetos sociais que beneficiam pacientes e acompanhantes.

Na primeira reunião, todos saíram com uma certeza: que poderiam transformar a experiência da comunicação voluntária em algo muito maior. E assim nasceu “Eu te Hemo”.

A estilista Anne Gaul, uma das sócias do OEstudio, explica que o desfile vai além do espetáculo, pois também vai estimular a importância da doação de sangue e ainda fazer um alerta.

- Criamos uma viagem pelo universo do sangue, abordando os aspectos lúdicos e científicos que permeiam seus mistérios, pois é através do sangue que damos continuidade às culturas, expressamos a paixão e a tudo que transborda, transcende e excede. A coleção apaga do vocabulário as palavras “meu” e “seu” e nos liberta para o “nosso”, mostrando que não há arte sem voluntariedade. Sempre vemos essa dificuldade da falta de sangue e de doadores nos noticiários em todo o Brasil. O desfile é uma colaboração para rediscutirmos esse problema. E será uma grande oportunidade para podermos discutir e abordar um assunto tão importante em um cenário em que geralmente o glamour e o apelo visual faz parte.

Não é a primeira vez que OEstudio realiza desfiles voltados para temas sociais. Em 2004, eles apresentaram um desfile abordando a importância do transplante de ossos para o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia – INTO. No início deste ano, também surpreenderam com a coleção Fashionzolhos para o Instituto Benjamin Constant colaborando para a educação de deficientes visuais.

- Nós estamos evoluindo o motivo de nossos desfiles. Começamos a fazer sentido para nós mesmos – finaliza Anne Gaul.

Segundo a diretora geral do HEMORIO, Clarisse Lobo, a cultura da doação de sangue habitual ainda é pequena no Brasil.

- De acordo com a Organização Mundial de Saúde – OMS, a população doadora de sangue deveria ser entre 3% e 5% do total de habitantes. No entanto, no Brasil, somente 1,8% adota essa prática. No HEMORIO, por exemplo, temos uma média diária de 300 voluntários ao dia para doar sangue, mas temos capacidade para atender o dobro.

Clarisse frisou ainda a importância do tema da doação de sangue estar incluído em um evento do porte da São Paulo Fashion Week.

- É muito importante que busquemos oportunidades em inserir o tema da importância da doação de sangue em diversas áreas para que possamos atingir o maior número de pessoas. E só o fato de estarmos trazendo à discussão este tema para um evento de porte internacional como a São Paulo Fashion Week, já é um ganho imenso, tanto pelo ineditismo quanto no desafio em poder traduzir nossa visão para o mundo da moda. OEstudio está de parabéns pela iniciativa.

Ultimamente, a queda nas doações é sentida em todos os estados. No Rio de Janeiro, o número de voluntários caiu em 30%. Recentemente, o Ministério da Saúde lançou uma campanha para estimular jovens entre 18 e 29 anos, que representam atualmente mais de 50% dos doadores. A campanha, chamada “Entre para a corrente sanguínea. Doe e convide alguém a doar”, espera buscar os diversos públicos da internet. Comunidades virtuais como blogs, Orkut, Twitter, MSN e Google estão sendo utilizados como ferramentas de comunicação para sensibilizar os possíveis doadores.

Em 2008, foram registrados 3,1 milhões de doações de sangue. Apesar de representar um percentual médio de doações nos últimos cinco anos, o Brasil opera em constante estado de emergência no que diz respeito aos estoques de sangue. Todos os dias milhares de procedimentos hospitalares são realizados e, em muitos deles, o sangue está presente. Por isso, é necessário que sempre haja estoque nos hemocentros que recebem o sangue de doadores voluntários.

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