segunda-feira, 30 de março de 2009

Teatro João Caetano lidera comemoração dos 105 anos de Aracy Cortes

Créditos ao SEC

Teatro João Caetano

O Teatro João Caetano, da Secretaria de Estado de Cultura, faz nesta terça-feira (31/03), às 19h, uma homenagem especial à atriz Aracy Cortes, uma das mais importantes artistas do Teatro de Revista e símbolo da época de ouro da Praça Tiradentes, que completaria 105 anos. As homenagens começam no hall do Teatro – em cujo palco Aracy tantas vezes brilhou e onde seu corpo foi velado, quando morreu, em 1985 –, com a recolocação de uma placa de bronze, datada de 1952, originalmente criada para celebrar seu retorno à ativa. “Recebeu do público a mais extraordinária consagração”, está inscrito na placa, retirada nos anos 70, durante uma obra, e agora prestes a voltar ao seu lugar de origem, para relembrar “a Rainha da Praça Tiradentes”.

Entre os convidados para a cerimônia estão artistas e personalidades da música e do teatro, como Hermínio Bello de Carvalho – que a dirigiu em 1965, no espetáculo Rosa de Ouro, co-estrelado por Clementina de Jesus e Paulinho da Viola - , Ricardo Cravo Albin e J. Maia – que cuidou de Aracy no final de sua vida - , além de grandes nomes do Teatro de Revista, como Lia Mara e Anilza Leoni.

Após o descerramento da placa, a cantora e atriz Carol Bezerra apresentará números musicais e contará histórias ligadas à vida e à carreira de Aracy e Marília Barbosa (atriz e cantora que interpretou Aracy no teatro e tornou-se uma espécie de afilhada da artista). Também será aberta no hall do teatro uma mostra com fotos de Aracy que fazem parte do arquivo pessoal de J. Maia.

Sobre Aracy Cortes

Nascida Zilda de Carvalho Espíndola, Aracy iniciou sua carreira aos 16 anos, cantando e dançando maxixe no Circo Democrático. Sua veia cômica serviu de trampolim para integrar a companhia teatral do empresário Pascoal Segreto e, mais tarde, trabalhar sob a direção dos mais destacados “revisteiros”, como Luiz Peixoto, Marques Porto e Bastos Tigre – o que tornou Aracy imensamente popular entre o público que frequentava as casas de espetáculos da Praça Tiradentes.

Seu sucesso cresceu ainda mais 1928, quando protagonizou o espetáculo Miss Brasil, de Marques Porto e Luiz Peixoto, onde cantava “Linda Flor” ("Ai, ioiô, eu nasci pra sofrê..."), música feita para ela e que se transformaria num grande sucesso da música popular brasileira.

Dona de sua própria companhia não muito depois, eleita Rainha do Rádio, em 1935, e Rainha das Atrizes, em 1939, Aracy manteve a popularidade e atraiu grande público até os anos 60, mesmo após o gênero revista entrar em declínio.

Seu último grande sucesso aconteceu em 1965: Rosa de Ouro, show dirigido por Hermínio Bello de Carvalho. Ela repartiu o palco com Clementina de Jesus e um bem jovem Paulinho da Viola.

Em 1978, J. Maia criou para ela A Eterna Aracy. Estrelado pela própria, o espetáculo contava sua carreira e relembrava seus maiores sucessos, como “Jura”, de Sinhô; e “Tem Francesa no Samba”, de Assis Valente.

Quando Aracy morreu, em 1985, a imprensa sublinhou sua importância para a própria definição do gênero em que ela brilhou. "A quase totalidade das artistas de teatro de revistas em atividade no Brasil guiava-se pelo modelo francês, tinha uma malícia de boulevard, parecia importada de um music hall parisiense”, disse um dos jornais da época. “A morena Aracy Cortes, de cabelos crespos, olhos vivos, corpo bonito que não procurava esconder com suas roupas ousadas para os palcos da época, era brasileira em tudo, na malícia dos gestos, nas insinuações do olhar, no gosto pelo duplo sentido das frases. Foi a primeira grande desbocada do teatro brasileiro.”

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