quinta-feira, 5 de março de 2009

Cabral diz que luta do governo é pela valorização do Galeão

Créditos ao site do Governo do Rio de Janeiro

Aeroporto Internacional Tom Jobim (Geleão)

O governador Sérgio Cabral disse, em entrevista na manhã desta quarta-feira, que a luta do Governo do Estado é para valorizar o Aeroporto Internacional Tom Jobim, e por isso se opõe à decisão da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) de liberar o Aeroporto Santos Dumont para voos domésticos.

- O Galeão vem sendo desprestigiado, tendo sua importância diminuída ao longo dos anos. São elevadores e banheiros que não funcionam, serviços caindo, aeroporto em péssimo estado. Uma das razões é falta de gestão. Outra, a queda acentuada na sua capacidade de receber passageiros. O Rio de Janeiro ainda é o principal portão de entrada do Brasil, mas perdeu muitos voos internacionais diretos. O que mais ouvíamos nos últimos anos é o lamento da população pela perda de voos diretos para Nova Iorque, para Londres, para Europa, Ásia, sobretudo eles indo para São Paulo. O nosso esforço, nesses dois anos e dois meses de governo, foi de retomar esse voos. Para o Rio voltar a ter prestígio internacional com linhas diretas. Isso tem sido obtido com muita luta, com muita viagem. Já temos voos diretos novamente para Londres, Nova Iorque, Paris intensificado, Madri, e perspectivas de mais voos para os Estados Unidos. Mas, para isso acontecer, é fundamental termos o que se chama hub, que é a ligação desse aeroporto que recebe, com os voos domésticos. Sem isso, é impossível ter maior volume de voos internacionais. Há que se ter voos nacionais para que o usuário não seja apenas o morador do Rio de Janeiro, ou aquele que queira ter o Rio de Janeiro como destino final. Mas também o morador de outros estados, que usarão o aeroporto como hub.

Para defender sua posição, Cabral citou Belo Horizonte como exemplo. Segundo ele, o governado Aécio Neves é tão radical nesta mesma tese que não permite que o aeroporto da Pampulha tenha voo nenhum para fora de Minas Gerais.

- E olha que o Aeroporto dos Confins é muito mais longe que o Galeão. E o Aécio não permite porque, estrategicamente e corretamente, ele quer que aconteça a mesma coisa: a conexão dos voos internacionais para Belo Horizonte, ganhando importância para a cidade – citou.

Segundo Cabral, o Santos Dumont tem, hoje, com a ponte aérea Rio - São Paulo, a linha mais rentável do Brasil. Espaço ocioso pode até haver, mas nem de longe se compara à ociosidade do Galeão

- Eu digo e repito que voos do Santos Dumont para Ribeirão Preto, Campinas, Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, Londrina, no Paraná, são mais do que bem-vindos. Agora, querer fazer voos para os grandes centros – Brasília, Recife, Salvador - é acabar com a conexão do Galeão. O voo não se sustenta somente com quem queira fazer a conexão do chamado hub. Eu, morador de Salvador, vou para Nova Iorque via Rio de Janeiro. Eu, morador do Rio, que queira ir para Salvador, ou de Salvador que queira o Rio como destino final, vou pelo Santos Dumont.

Sérgio Cabral defende que, estrategicamente, o investimento no Santos Dumont seja feito para que se tenha mais voos regionais, para Ilhéus, Porto Seguro, Londrina, etc.

- Quando eu recebi o David Neeleman (dono da companhia Azul), no meu gabinete, eu fiquei entusiasmado com a perspectiva dos voos regionais. No terceiro encontro ele começou a falar de Recife, Brasília, Belo Horizonte, Salvador... Eu disse David, não foi isso que combinamos. Eu fiquei surpreso. Nem nos Estados Unidos existe o livre mercado sem uma visão estratégica do estado – afirmou.

O governador disse ter consciência de que, para o usuário, sua posição é impopular:

- Quem usa avião deve estar irritado com a minha posição. Mas eu estou em luta pelo Rio. O presidente Lula concordou comigo, e eu espero que o governo federal, o BNDES, a própria Anac, o Ministério da Defesa, a própria Infraero percebam que a tendência universal é de que aeroportos como Galeão passem a gestão para a concessão privada. O governo tem que cuidar da malha aérea. Gestão de aeroporto não tem que estar na mão do governo – afirmou.

Cabral ressaltou que sua maior preocupação é com o esvaziamento do Galeão:

- O aeroporto tem capacidade para 16 milhões de passageiros por ano, mas hoje opera com apenas 8,5 milhões de passageiros por ano. Menos da metade. Ele tem que ter as lojas funcionando bem, os restaurantes funcionando, tem que ter um movimento de cargas. Ele tem a maior pista do Brasil, no nível do mar. Um avião pode decolar do Galeão com 100% de sua carga. Guarulhos tem 10% menos de carga. O Rio tem vantagens competitivas. O que viabiliza um voo de um avião grande, como um 747, é ter passageiro mais carga – afirmou.

O governador chegou a fazer um apelo aos usuários de aeroportos para que compartilhem de sua visão:

- Atenção, passageiro. Você que está com raiva de mim porque quer pegar um voo para Belo Horizonte, Brasília ou Salvador do Santos Dumont, também vai querer pegar um voo direto para Londres, Nova Iorque, ou Paris sem ter que fazer conexão em São Paulo. Como juntar as duas coisas se não tiver conexão doméstica? Ninguém trabalha no prejuízo. A frequencia para esses destinos no Galeão vai diminuir – ponderou.

Cabral citou também as melhorias que o Governo do Estado está implementando no entorno do Tom Jobim, entre as quais estão a obra no Canal do Fundão, em parceria com a Petrobras, no valor de R$ 200 milhões, e o obra do muro da Linha Vermelha, que, segundo ele, dará mais conforto ao usuário.

Além disso, o governador informou que a licença ambiental para o aeroporto caducou.

- O Inea está estudando para verificar quais tipos de aeronaves podem ser utilizadas. Em função dessa briga, o instituto agora está aguardando para verificar o que é possível operar no Santos Dumont. Outra coisa é a política de combustível. Estamos cobrando um ICMS de 3% para o querosone. Nessa guerra, vamos aumentar o imposto sobre o combustível – afirmou.

Cabral lembrou, ainda, que a revitalização do Galeão é fundamental para que o Rio consiga se tornar sede da Olimpíadas.

- Nós estamos brigando pelas Olimpíadas. Quando passamos à fase final, dentre os quesitos analisados, a pior nota foi para o Aeroporto Internacional. Nota 3,5. Segurança foi um item que melhorou, hospedagem, equipamentos esportivos. O Terminal 1 impede a Copa Mundo no Rio de Janeiro. Ele tem um problema que as organizações internacionais hoje condenam. O estacionamento dele é dentro do terminal. Isso é proibido hoje – analisou o governador.

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