A prefeitura do Rio de Janeiro informou que a demolição do prédio conhecido como Minhocão na favela da Rocinha, em São Conrado, na Zona Sul, deve ser concluída nesta quinta-feira (26). O trabalho dos operários iniciou às 16h30 desta quarta-feira (25), logo após decisão do Tribunal de Justiça.
Depois de nove dias de batalha judicial, a 13ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça derrubou a liminar que impedia a demolição do prédio. Antes que pudesse haver uma terceira tentativa de recorrer da decisão, a prefeitura não perdeu tempo e iniciou o trabalho de demolição.
O presidente da Associação de Moradores da comunidade, Antonio Ferreira de Melo, conhecido como Xaolin, e a dona do prédio, Maria Clara Mandela, apelidada de MC Boquinha, protestaram junto com outros moradores contra a derrubada do edifício.
A proprietária passou mal quando os técnicos da prefeitura chegaram à comunidade. Segundo Maria Clara, o prédio seria doado para o projeto Saúde da família. O secretário de Ordem Pública, Rodrigo Bethlem, negou o oferecimento, alegando que o minhocão foi construído irregularmente.
A obra, embargada desde 2007 e que já recebeu quatro autos de infração, tem dois pavimentos com 22 unidades com pouco mais de 16 metros quadrados, cada uma. A construção estava sendo realizada sem licenciamento.
De acordo com a prefeitura, desde 1992 estão proibidas novas construções na Rocinha, que não sejam feitas pelo poder público.
Queima de fogos congestiona estrada
Os caminhões da prefeitura e os carros da polícia que prestavam escolta para os agentes da Secretaria de Ordem Pública demoraram a chegar na Rocinha por causa do intenso congestionamento na Estrada da Gávea, um dos acessos à favela.
Uma queima de fogos começou quando o comboio passava. Em seguida, cerca de 30 pessoas que estavam escondidas na mata que cerca a Estrada da Gávea, um dos acessos à Rocinha.
Antes de subir a favela da Rocinha, Bethlem havia afirmado que estava tomando todos os cuidados possíveis para manter a segurança da operação. Os técnicos e operários da secretaria serão escoltados por policiais militares.
Também nesta quarta, a Polícia Civil fez uma operação na favela em que três pessoas morreram, dois laboratórios de refino de cocaína foram encontrados e uma tonelada de maconha foi apreendida.
“Todo momento é delicado. E amanhã (quinta-feira), essas pessoas (os responsáveis pela construção) poderiam arrumar um subterfúgio para impedir a demolição”, falou Bethlem, se referindo às duas últimas liminares conseguidas.
O secretário, inclusive, informou que a prefeitura vai continuar combatendo a especulação imobiliária dentro das favelas.
“Os donos são uns aproveitadores, um grupo de empresários que está se aproveitando do problema social e do poder público. Resolveram construir ali dentro para ter lucro.”
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