domingo, 25 de janeiro de 2009

Governo e Prefeitura defendem abertura gradual do Santos Dumont

Créditos à Setrans-RJ

Aeroporto Santos Dumont

A abertura do Aeroporto Santos Dumont para novos voos nacionais foi discutida em audiência pública realizada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), na manhã desta quinta-feira. Os secretários de Transporte, Julio Lopes, de Desenvolvimento, Julio Bueno e de Turismo, Esporte e Lazer, Márcia Lins, defenderam a posição do Governo do Estado do Rio de Janeiro pela abertura gradual e de forma planejada e criticaram, com veemência, a forma como a ANAC está encaminhando o processo.

A Agência Nacional de Aviação Civil pretende abrir, a curto prazo, 23 novos movimentos, entre pousos e decolagens, como forma de estimular a concorrência entre as companhias aéreas, sob o argumento de maior oferta de vôos e redução de tarifas. No entender do governo do estado, a abertura do Santos Dumont, neste momento, provocaria um esvaziamento automático do Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim/Galeão, jogando por terra todo trabalho feito pelo governo nos últimos cinco anos de atrair novas rotas internacionais para o Galeão, recuperando sua característica de hub nacional.

O secretário municipal de Transportes, Alexandre Sansão; o secretário municipal de Turismo, Antônio Pedro Figueira de Mello; o presidente do Instituto Pereira Passos (IPP), Felipe Góes e representantes do setor de Turismo, como Associação Brasileira de Agências de Viagem (ABAV) e Associação Brasileira da Indústria Hoteleira (ABIH), de companhias aéreas, como TAM, Gol, Air France, TAP, e concessionários aeroportuários também usaram a mesma defesa do Governo do Estado, de que a abertura do Santos Dumont provocará o esvaziamento do Galeão, ocasionando fortes impactos no desenvolvimento econômico e turístico do Rio.

A Anac defende que a portaria 187, do Departamento de Aviação Civil (DAC), que restringe os voos no Santos Dumont apenas à ponte aérea e linhas regionais prejudica o consumidor. Segundo o representante da Anac, Rodrigo Moser, a transferência de voos domésticos para o Galeão não estimulou o crescimento de voos internacionais. Porém, especialistas do setor garantem que a concorrência poderá ser fomentada no próprio aeroporto Galeão, já que os dois aeroportos servem a mercados distintos.

A Anac afirma ainda que a revogação da portaria 187 não significará a transferência de voos do Galeão para o Santos Dumont e que a capacidade do aeroporto será respeitada. Contudo, a agência não informou a capacidade do aeroporto

Estudos realizados pela Secretaria de Transporte mostram que entre 30% e 50% da ocupação dos voos internacionais feitos a partir do Galeão são de passageiros de fora do Rio. O que comprova a característica do aeroporto como hub nacional, ou seja, concentrador de conexões de diversas partes do país. Com a descentralização dos voos, a maioria das empresas tenderão a migrar para o Santos Dumont, reduzindo o número de conexões nacionais e, consequentemente, a oferta de voos internacionais, que ficariam esvaziados.

- O Galeão possui voos diários para as principais cidades do mundo. Se dividirmos o número de voos nacionais estaremos enfraquecendo o Galeão e o seu crescimento. Levamos anos para conseguir este resultado. A estratégia de restringir os voos do Santos Dumont e priorizar o Galeão foi uma decisão conjunta do Estado e da Prefeitura que se uniram em torno da defesa da economia do Estado – afirmou o subsecretário Delmo Pinho.

O secretário de Transportes, Julio Lopes, destacou que o Governo do Estado não é contra novas operações a partir do Santos Dumont, mas destacou que a medida tem de ser feita de forma planejada e gradativa, para se evitar desorganização na aviação civil no Rio.

- O mercado, como um todo, é avesso a mudanças repentinas. A abertura do Santos Dumont de forma desorganizada provocará insegurança. Queremos restabelecer o Santos Dumont de forma gradual e organizada. Para isso, precisamos discutir a questão com mais tempo e respeitando o prazo de fortalecimento do Galeão, que sempre foi prioridade para a política de desenvolvimento do estado do Rio– afirmou Julio Lopes.

O Galeão conta com a maior pista do país, são 4.240 metros de extensão e uma auxiliar de 3.000 metros, além de dois terminais de passageiros e um dos mais modernos e bem equipados terminais de carga da América do Sul. O secretário de Desenvolvimento Julio Bueno lembrou ainda que a estrutura aeroportuária do Rio tem que estar fortalecida para a Copa do Mundo e, eventualmente, para as Olimpíadas de 2016, que o estado pretende sediar.

- O Rio de Janeiro é uma cidade internacional e precisa de um aeroporto do porte do Galeão funcionando a plena capacidade. O governo é contra esta medida da Anac. Quando o Galeão conviveu com o Santos Dumont ele se esvaziou e quase quebrou. O aeroporto recebeu a pior nota do Comitê Olímpico Internacional e o por isso o presidente Lula e o governador Sérgio Cabral decidiram fazer a concessão do Galeão e nós precisamos atrair cada vez mais os empreendedores internacionais. Somos a favor da concorrência, mas também do ativismo estatal. O estado não pode se abster das políticas públicas quando isso representa o benefício da coletividade. Estamos buscando o melhor para a população – comentou Julio Bueno.

Para a secretária de Turismo, Esporte e Lazer, Márcia Lins, o Rio de Janeiro passa por um momento importante, com eventos internacionais de grande porte e que a transferência dos voos domésticos para o Galeão é uma estratégia traçada pelo governo.

- Estamos travando uma batalha para trazer cada vez mais voos internacionais para o Rio. Recebemos 20% dos congressos nacionais e internacionais, teremos a Copa do Mundo 2014 e o Mundial de Jogos Militares, em 2011, que são dois eventos importantes. E temos grandes chances de sediar os Jogos Olímpicos de 2016. Não podemos perder este momento. Atualmente o Galeão emprega 15 mil pessoas e com o crescimento dos voos, o número de funcionários crescerá ainda mais – frisou Márcia Lins.

A audiência também teve a participação de representantes de associações de moradores de Santa Teresa, Botafogo e adjacências, que são contra a revogação da portaria, pois o tráfego aéreo causa transtornos para os moradores da região devido ao ruído causado pelos aviões. A Anac ainda não deu prazo para anunciar sua decisão final sobre a abertura do Santos Dumont.

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