sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Cedae cria mais três viveiros e vai usar lodo como adubo

Créditos à Guedes de Freitas


Além do primeiro, já funcionando, desde o ano passado, na Estação de Tratamento de Água do Guandu, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, o Programa de Reflorestamento da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) está implantando mais três viveiros de plantas, com as quais reflorestará as margens dos rios Guandu e Macacu e de outros mananciais no estado, além das áreas das próprias estações de tratamento da companhia.

E com uma novidade: o aproveitamento do lodo produzido pelo tratamento de esgotos como nutriente para produção das mudas. O projeto-piloto será executado no viveiro que está sendo implantado na Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) Alegria, no Caju, Zona Portuária do Rio.

– O lodo substituiria o adubo animal com amplas vantagens. Além de da economia puramente monetária, estaremos dando um destino nobre ao lodo, em vez de simplesmente descartá-lo em algum aterro sanitário. A própria Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFFRJ), nossa parceira no programa de reflorestamento, vai dar apoio técnico à experiência que, se bem sucedida, iremos aplicar em outros viveiros da Cedae– revelou o coordenador do programa, Alcione Duarte Ferreira.

O governador Sérgio Cabral deve inaugurar o viveiro da ETE Alegria no próximo dia 22, juntamente com a inauguração do sistema de tratamento secundário da estação. Além do viveiro, a ETE Alegria também começou a ter suas áreas externas reflorestadas com o plantio de 40 mil mudas de árvores.

A Cedae, que já possui um viveiro de plantas na ETA Guandu, está instalando outros três: um na ETE Alegria, outro em Campo Grande, Zona Oeste do Rio, e o terceiro, o maior de todos, na Colônia Agrícola de Magé. Há previsão de um quinto na ETE de São Gonçalo. O objetivo é produzir mais de 1,2 milhão de mudas por ano, todas de espécies de Mata Atlântica.

O viveiro da ETE Alegria irá produzir cerca de 35 mil mudas por ano, o de Campo Grande criará em torno de 20 mil por ano, mudas com as quais a Cedae reflorestará uma área do bairro, e o de Magé, entre 800 mil e 1 milhão/ano.

– Os nossos viveiros poderão produzir plantas não só para atender às expectativas da Cedae, como para outros projetos de reflorestamento, públicos e privados – planeja o coordenador.

No viveiro pioneiro, no Guandu, a Cedae está começando um novo sistema de plantio. É o plantio em tubetes que, ao contrário do tradicional, feito em saquinhos plásticos, produz uma quantidade de mudas bem maior, numa área bem menor.

- Além de eliminar resíduos, pois o tubete é reaproveitado várias vezes, o número de substrato também é mínimo. Com isso, o viveiro passará de 100 mil mudas anuais para 500 mil/ano – explicou o coordenador, acrescentando que, se o resultado for o esperado, irá se estender aos demais viveiros, dobrando a produção de cada um, sem aumento de área.

O programa de reflorestamento da Cedae, que prevê o plantio de mais de quatro milhões de árvores, utiliza mão-de-obra de apenados em regime aberto e semi-aberto, por meio de convênio com a Fundação Santa Cabrini, da Secretaria de Administração Penitenciária. Antes de começar o trabalho, os presos passam por um curso de qualificação em reflorestamento na UFRRJ, de mil horas. Cada preso empregado pela Cedae recebe, mensalmente , um salário mínimo e a remição da pena. A cada três dias trabalhados, ele diminui um de sua punição.

- Uma parte da remuneração fica retida como poupança compulsória, para ser liberada após o cumprimento da pena. Outra parte vai para ajudar na manutenção da família e uma terceira para reparação de algum possível dano material. Mas o mais legal do projeto é a ressocialização de fato dos presos. O resultado tem sido excelente, pois, além de reflorestar a Natureza, estamos reflorestando a alma dessas pessoas – ressaltou Alcione Duarte, que estima em 300 o número de apenados a serem empregados quando todos os viveiros estiverem funcionando.

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