quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Rio tem ano de musical ao melhor estilo Broadway

Créditos à JB Online

Vivo Rio

Apesar de as produções de pequeno e médio orçamento terem predominado no cenário ao longo do ano e do mês de janeiro – época em que as salas costumam estar lotadas – ter decepcionado boa parte de os produtores, 2008 também pôde saborear espetáculos grandiosos, de cenários e figurinos imponentes. Com produções milionárias, A noviça rebelde e Os produtores despertaram a atenção do público e renderam borderôs generosos a casas como o Oi Casa Grande e o Vivo Rio, assim como o musical Beatles num céu de diamantes, dono da mais extensa temporada do ano.

– O sucesso de A noviça... consagrou o crescimento dos musicais ao longo dos anos. E é um orgulho para o Rio poder estrear esse espetáculo. Mas o ano foi variado, gosto dessa diversidade – afirma o presidente da Associação de Produtores de Teatro do Rio de Janeiro (APTR), Eduardo Barata.

A adaptação brasileira para a superprodução A noviça rebelde, coordenada e dirigida pela dupla Claudio Botelho e Charles Möeller, lidera o ranking de investimentos do ano. Meio século após a primeira montagem do musical na Broadway, a versão aportou no país consumindo suntuosos R$ 9 milhões. Desde a estréia, em 22 de maio, até o fim da temporada, em 1º de fevereiro de 2009, o espetáculo tem previsão de faturamento em torno de R$ 13 milhões.

Até agora, mais de 120 mil espectadores puderam assistir ao musical, que faturou o Prêmio Qualidade Brasil de Melhor Espetáculo Musical e Melhor Direção, além de liderar as indicações ao Prêmio Shell 2008, concorrendo nas categorias Melhor Ator (Fernando Eiras), Cenário (Rogério Falcão), Figurino (Rita Murtinho) e, na Categoria Especial, pela produção de Aniela Jordan, Monica Lopes e Beatriz Braga.

– Durante muitos anos, os musicais eram vistos como um gênero menor no Brasil – recorda Charles Möeller. – Nem ao menos participavam das listas de indicações para prêmios. Diretores e autores de musicais, então, algumas vezes não eram nem citados em críticas.

Sinal dos tempos, agora Möeller e Botelho também foram indicados ao Prêmio Shell “pela expressiva contribuição dada ao gênero musical no cenário carioca”.

– Ouvimos muito coisas como: “No Rio não é possível colocar grandes espetáculos em cartaz”; ou então que “O Rio é terra do besteirol, de monólogos divertidos”, etc... Nós insistimos muito! – garante Möeller.

As coisas mudaram não só para a dupla. Eles acreditam que os patrocinadores brasileiros finalmente descobriram o Rio como uma praça interessante para o lançamento de grandes espetáculos.

– A cidade está mudando e acho que haverá um grande rush de espetáculos de nível internacional e produções interessantes para grandes platéias – aposta Botelho. – Assim, o teatro deixa de ser uma conversa entre pessoas do meio e passa a ser um entendimento entre quem faz e quem paga para assistir.

Com orçamento de R$ 7 milhões, Os produtores, versão do espetáculo de Mel Brooks e Thomas Meehan encabeçada por Miguel Falabella, Vladimir Brichta e Juliana Paes, estreou em abril no palco do Vivo Rio. A temporada de quatro apresentações semanais atraiu cerca de 95 mil pagantes em apenas três meses. Números que respaldam a popularidade do gênero em 2008.

– Quando assisti à montagem na Broadway, logo fiquei com vontade de fazer uma versão brasileira – lembra Falabella, que assinou as letras em português e a direção geral do espetáculo.

– O problema é que, na época, eu já era velho para viver o Bloom (personagem de Brichta) e novo demais para o Max Bialystock. Quando fui conversar com o Sandro Chaim (co-produtor do musical), eu tinha a idade ideal.

Beatles a R$ 700 mil

Com investimento menos pomposo, se comparado às outras duas, Beatles num céu de diamantes custou R$ 700 mil para unir nos palcos do Espaço Sesc, de janeiro a abril, e do Teatro Leblon, onde segue até fevereiro de 2009, talentosos e desconhecidos 11 atores-cantores, acompanhados por piano, violoncelo e percussão.

Valendo-se das inspiradas letras e melodias das obras-primas talhadas pelos quatro rapazes de Liverpool, a peça encena pequenas histórias e situações em um enredo não-linear. O passeio musical conduzido por Möeller e Botelho, que acumula R$ 4,2 milhões de receita e mais de 100 mil espectadores, pinça do repertório dos Beatles pérolas como Lucy in the sky with diamonds, Yesterday, Hey Jude, Let it be e Strawberry fields forever. A produção concorre em duas categorias do Prêmio Shell 2008 (Iluminação e Música).

Em 2009, a dupla começa quente com Gloriosa, estrelada por Marília Pêra e que marca a inauguração do Teatro Fashion Mall. Planejam também a estréia de Avenida Q, dia 5 de março, no Clara Nunes; O despertar da primavera, primeira versão musical do clássico de Frank Wedekind, um dos mais recentes sucessos da Broadway; e de Gypsy, que terá sua primeira montagem carioca em outubro, no Oi Casa Grande.

Nos palcos ligados à Rede Municipal de Teatros, o ano de 2008 apresentou balanço satisfatório se comparado a 2007. Diferentemente do ano passado, a subsecretária das Culturas, Maria Alice Saboya, direcionou as verbas de R$ 7,5 milhões, antes usadas só para manutenção, para montar grandes espetáculos.

– Apesar de a verba ter permanecido a mesma, conversamos com produtores e diretores das salas. Decidimos que os contratos de iluminação e sonorização poderiam ser feitos de outra forma – explica Maria Alice. – Por isso, foi possível montar Sassaricando (16.100 espectadores) e O sete (10.439), ambas no Teatro Carlos Gomes, que foi o líder do ranking de público da prefeitura.

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